Coco
do Coriolano
(Maria Lúcia Dal Farra)
Com
cinqüenta e um janeiros
na bolandeira da vida,
em corrupio e caracol andando,
Coriolano é vira-mundo,
andarilho,
estradeiro:
só pra não ser pau-mandado,
e ser patrão de si mesmo.
Sujeito dos sete instrumentos,
tamanqueiro, boticário,
fabricante de bombom,
remendador de solas,
seleiro, artesão,
carregador de leite,
estalajadeiro:
mão-de-obra para qualquer coisa
pra fugir da servidão.
Êta cativeiro da peste!
Só não deu foi pro cordel
não pôs Filipe no papel,
numa história mui fornida,
de sumo arrecheada,
linheira,
como cerne de aroeira.
Neste sertão de Sergipe
Coriolano perdeu toda soberba
comeu caroço de pucumã
mastigou miolo de sapucaia,
encostou os beiços na lama,
assou carne de cachorro,
quebrou os dentes na raiz do umbu
findou com a vencidade de ovo de anum.
É
um canudo de penas!
É um canudo de perdas!
Joésia
Ramos: voz
Cobra Verde: sanfona
Du Silva: violão
Dinho Dog: baixo
Pequeno: percussão
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